Não parece. Muito menos a quem está ligado ao projecto. Mas já vai longe a data de 16 de Julho de 2002, dia do começo oficial do projecto para este lote. " QUERO QUE A MINHA CASA SEJA UM BUNKER ! " foi a frase marcante da primeira reunião, ainda sobre o programa.
Estava tudo verde, como é natural. O terreno, o loteamento, enfim, toda uma série de condicionantes que viriam a arrastar este processo até ao início dos trabalhos de obra.
Em Agosto desse ano apresentamos uma primeira proposta. Era um passo pequeno mas importante no caminho entre o cliente e o projectista. Um primeiro apalpar de terreno para ambas as partes. Estas vão-se entendo com o passar do tempo até que surge um consenso em Janeiro de 2003. Pensámos, nós os projectistas, que o projecto tinha estabilizado, dando resposta ao programa pretendido pelo cliente. Este, por seu lado, mostrava-se bastante satisfeito com o resultado. É então que surge a primeira paragem no projecto...
Porquê? O estudo que estava a ser feito era para um lote integrado numa operação urbanística denominada "Loteamento" a qual ainda não estava regularizada. Foi então tempo de aguardar, para desespero do cliente...
O primeiro golpe de teatro surge em Maio de 2003, 5 meses após a espera. O loteamento tinha sido entregue a outro projectista, alterando as caracteristicas do loteamento geral, o que significa dizer que afectou o lote onde o nosso projecto estava integrado, incluindo uma redução da capacidade construtiva abaixo do solo e da área do lote!
Após termos tomado conhecimento da situação, pensamos que urgia uma reunião com o novo responsável pelo projecto, esperando dele uma compreensão perante os direitos já adquiridos e as leis em vigor. Deparámo-nos com uma personalidade particular, que com alguma sobranceria praticamente nem escutou os nossos argumentos. Após isto, é metido um aditamento ao loteamento em Julho de 2003, sem nunca o nosso cliente ter tido conhecimento por quem devido das alterações no seu terreno.
É no decorrer da espera para que o aditamento ao loteamento seja aprovado que entre nós, equipa responsável pelo projecto, se apodera uma instisfação perante o projecto já supostamente estagnado desde Janeiro.
Voltamos ao projecto, com uma força ainda maior, na busca de algo que faltava: um conceito!
Faltava no fundo, arquitectura! O projecto não tinha força. Dava a resposta ao que o cliente pretendia, mas sabiamos que podiamos ir mais longe. Que as pequenas coisas que o cliente tinha abdicado poderiam existir.
Surge , pois, uma nova abordagem ao terreno, sem cortar radicalmente com o projecto anterior, mas introduzindo um conceito. Em Novembro de 2003 é entõa apresentado ao cliente, para surpresa dele, um novo projecto. Confirma ele, o cliente, que é bem mais do seu agrado. Muito mais próximo do seu desejo inicial.
Mas a insatisfação, embora menor, ainda se apoderava de nós e sabiamos que poderiamos ir mais longe, limar o conceito. Em finais de Dezembro de 2003 apresentamos particamente a proposta final, resultado do desenvolvimento da anterior. Finalmente atingimos o pretendido: Um BUNKER !
O BUNKER era pois uma casa-pátio, em betão aparente, voltada para o seu interior, protegendo-se do exterior o mais possível, sem nunca perder a sua relação com a envolvente.